Nasci na taba duma tribo tupinambá. Sei que foi numa meia-noite clara. Fazia luar. Minha mãe viu que eu era magro e feio. Ficou triste, mas não disse nada. Meu pai resmungou:- Filho fraco. Não presta para a guerra!Tomou-me então nos seus braços fortes e saiu caminhando comigo para as bandas do mar. Ia cantando uma canção triste. De vez em quando gemia.Os caminhos estavam respingados do leite da lua. O uratau gemeu no mato escuro. Uma sombra rodopiou ligeira por entre as árvores.O mar apareceu na nossa frente: mole, grande, barulhento, cheio de rebrilhos. Meu pai parou. Olhou primeiro para mim, depois para as ondas... Não teve coragem.Voltou para a taba chorando. Minha mãe nos recebeu em silêncio.
Poema de:Érico veríssimo
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